19.2.10

Cultura?

Há mais ou menos dois anos, mencionei, neste mesmo blog, que não gostava de carnaval; bem, gostaria, então, de fazer uma correção no que disse. Eu gosto sim de carnaval, mas preciso deixar claro que só me agrada aquele em que se toca samba, marchinhas, em que todos se fantasiam e o clima é de alegria: o carnaval do Rio de Janeiro.

Digo isso porque fui, pela primeira vez na vida, ao Rio passar o carnaval; pela primeira vez, soube o que é carnaval de verdade, e, acreditem, superou absolutamente todas as minhas expectativas. Fui a alguns blocos de rua, e senti na pele o que é toda essa alegria. Me diverti demais.

No domingo, às 8:00 da manhã, eu e meu namorado fomos a um bloco no centro, chamado Boitatá. Todos me disseram "ah, esse bloco é lindo demais, vale o sacrifício de acordar cedo!"; eu não acreditei muito, mas fui. E, admito: o sacrifício mais que valeu.

Quando chegamos, um aglomerado de pessoas felizes fantasiadas, bateria e uma verdadeira orquestra de metais se reuniam no centro meio histórico do Rio de Janeiro para o bloco. De repente, a bateria começou a tocar, com o bloco ainda parado, e, em seguida, os metais. Reconheci na hora o que estavam tocando. Villa, "O Trenzinho Caipira", último movimento das Bachianas Brasileiras nº 2. Villa Lobos. As pessoas começaram a aplaudir e a cantar, entusiasmadas, a música do nosso querido compositor brasileiro.

Foi emocionante. Admito que fiquei arrepiada, e quase chorei. Por que foi emocionante? Bem, o simples fato de as pessoas tocarem, cantarem e se entusiasmarem com a música erudita de um grande compositor brasileiro como o Villa Lobos enquanto o resto do país se mata com aquelas festas que tocam aquela "música" ruim e completamente sem fundamento que é o (uhg!) axé é, no mínimo, tocante. Isso mostra a valorização de uma cultura muito, mas realmente muito rica, que é a que nós temos. Cultura esta que - ironicamente - não é nem lembrada no carnaval (me desculpem a expressão, mas é isso mesmo) baixo-nível das cidades históricas de Minas Gerais.

Se quiser me chamar para ir no seu carnaval, sinta-se à vontade. Mas, lembre-se: o meu nível é um pouquinho mais alto, rs.