12.9.11

White

You bring me great joy;
You bring me reverie,
Feed my dream world.
And you are able to suck
All of this from me,
You are able to, gradually,
Deteriorate myself
Inside.

Suddenly,
My world is going down:
All of the imagery you
Feed
- what keeps me alive -
Collapses.

I have no more ground to stand - and I can't stand it anymore.

1.9.11

Diálogo antigo

Ah! Octavius - imperador romano!
Como queria ter-te conhecido
Melhor, fora da mente,
Fora do sono...

Octavius, Caesar Augustus,
Conversa, favor, mais uma vez comigo,
Sobre música, língua,
Sobre teus feitos...

Sobre teus mares, sobre teus ares,
Quiçá tais edifícios construídos
Estradas sobre império...
Paz foi instaurada...

Pax Augusta.

Bruna Amarante Cohen

24.8.11

América

Se vida toda linguagem,
Que vida quando linguagem
Exaure tua cultura,
Finda tal tradição?

Se vida toda linguagem,
Que vida um assassino
Dilacera, mata, mutila,
Aculturando uma nação?

Sim, vida toda linguagem;
Língua toda cultura;
Inculto és tu, caro homem,
Quem quer sua destruição.

Bruna Amarante Cohen

19.8.11

Artista do mundo

Toca minha alma com teu toque
Suave, sensível, menor,
Na tecla de um teclado;

Enche os meus olhos com teu choque,
Voraz, certeiro, capaz,
Dum Bartók bem tocado;

E seja só, só minha até a morte
Tal falta de palavras
Dum Mendelssohn olvidado.

Bruna Amarante Cohen

O blog mudou de título novamente; esse é o poema, de minha autoria, que dá seu novo nome: "toca minha alma com teu toque".

5.1.11

Decolando

É interessante observar as pessoas quando o avião está decolando. É como se sua personalidade, cultura, traumas, religião, etc, viessem à tona por um instante.

Por um erro na compra da passagem, acabei ficando no assento 10D, enquanto meus pais ficaram na fileira 29; por isso, fiquei olhando - e observando - todos à minha volta enquanto o avião acelerava para alçar voo.

A moça simpática e falante, logo ao meu lado, de repente fechou os olhos e fez o sinal da cruz; um homem de pé enfaixado, do outro lado do corredor, que antes lia alguma coisa e fazia suas anotações, fechou os olhos com força, como se a decolagem fosse doer muito; um garoto agarrou com força os braços da cadeira; um casal deu as mãos; admito que até eu, rapidamente, fechei os olhos e rezei meu shemá. Como no momento decisivo da final da Copa do Mundo, o voo inteiro prendeu a respiração.

E, com a mesma velocidade que a tensão veio, ela se foi. A partir do momento em que as rodas do avião deixaram o solo, houve uma mudança na atmosfera: a moça simpática e falante voltou a conversar com a senhora ao seu lado; o homem com o pé enfaixado abriu os olhos e voltou a ler o que estava lendo, fazendo suas anotações; o garoto soltou os braços da cadeira; o casal soltou as mãos e deu um beijo. O voo inteiro soltou o ar de seus pulmões. E, enquanto todos voltavam às suas atividades, eu, observadora como sempre, me pus a escrever - na agenda mesmo - os meus pensamentos.