19.1.13

Quando tudo era infinito

Recebi um e-mail que eu mesma escrevi no ano passado, no FutureMe. Nesse site, a gente pode escrever mensagens para nós mesmos, que serão entregues em uma data do futuro à nossa escolha. 

Foi muito legal, e tal, tirando o fato que eu fiquei o ano inteiro lembrando desse e-mail (de modo que, quando o e-mail chegou, tava mais pra alguma coisa "esperada" do que pra uma grande surpresa), e tirando o fato que eu lembrava de tudo que tava escrito.

Quando eu estava na 9ª série (ou 9º ano, como insistem em chamar), eu estudava em uma escola pequena que só ia até o Ensino Fundamental II. Em uma aula de redação, todos da minha turma escreveram cartas para si mesmos; não eram cartas mesmo - era mais um trabalhinho de redação que ia ser avaliado e, depois, descartado. A professora recolheu as cartas, deu as notas pra todo mundo, e sei lá onde elas foram parar depois disso. A professora devia ter esquecido em casa, deixado em algum canto obscuro da escola, jogado fora, sei lá. Ninguém ligou pra isso, e eu e todos os meus colegas esquecemos das tais cartas. Quando foi um ano depois, quando todos nós estávamos no 1º ano do Ensino Médio, estudando em colégios grandes, diferentes, com amigos novos, professores novos e vida nova, a escola em que eu estudava antes enviou as cartas para mim e todos os meus ex-colegas. Recebemos a carta em casa, exatamente um ano depois de tê-la escrito. Ninguém lembrava mais da carta, e todo mundo ficou meio surpreso, ou até emocionado, quando chegou a dita cuja. Nossa vida tinha mudado muito em um ano. Eu tinha 15 anos. Aos 15 anos, tudo é infinito.

Eu achei que esse e-mail que eu me mandei pelo FutureMe ia causar o mesmo efeito da carta da escola, mas nem de longe causou. Hoje, 5 anos mais tarde, algumas coisas parecem ter perdido a graça de ser, parecem não ser mais tão infinitas como um dia foram. Os anos vão passando por nós sem nós nem nos darmos conta; 1 ano não significa mais tanta coisa: todos os anos são meio iguais, alguns recheados de conquistas, mudanças, doenças e mortes, mas a vida continua a mesma. Lá se foi um janeiro em que eu já estava na faculdade, tinha algumas expectativas, gostava de algumas músicas. Um ano se passou, mais um janeiro veio, e eu continuo na faculdade, algumas expectativas já se cumpriram e outras não, ainda gosto das mesmas músicas.

Não estou dizendo que as coisas não mudam; elas mudam sim. Mas a gente vai ficando mais velho e as coisas vão ficando tão recentes! Quando tudo era infinito, um ano atrás era quase uma eternidade atrás, era quase uma era passada. Hoje, um ano atrás é outro dia. E por aí vai.

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