29.1.14

Elegia

Ele perguntou amargamente, e ela respondeu ríspida e apaixonada, mas o vento levou suas palavras. E, sempre que ela respondia alguma palavra, o vento batia e a levava pra bem distante. E, assim, ela amava, mas não conseguia comunicar. Assim viveram, por anos e anos, o vento batendo e levando as palavras desesperadas dela. O coração dele continuava duro como pedra.

Em algum lugar, longe, longe, um poeta solitário recebia palavras de amor, trazidas pelo vento. Escrevia-as com caneta-tinteiro num guardanapo meio sujo de café, para tentar apaziguar seu pranto da solidão. 

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