5.1.11

Decolando

É interessante observar as pessoas quando o avião está decolando. É como se sua personalidade, cultura, traumas, religião, etc, viessem à tona por um instante.

Por um erro na compra da passagem, acabei ficando no assento 10D, enquanto meus pais ficaram na fileira 29; por isso, fiquei olhando - e observando - todos à minha volta enquanto o avião acelerava para alçar voo.

A moça simpática e falante, logo ao meu lado, de repente fechou os olhos e fez o sinal da cruz; um homem de pé enfaixado, do outro lado do corredor, que antes lia alguma coisa e fazia suas anotações, fechou os olhos com força, como se a decolagem fosse doer muito; um garoto agarrou com força os braços da cadeira; um casal deu as mãos; admito que até eu, rapidamente, fechei os olhos e rezei meu shemá. Como no momento decisivo da final da Copa do Mundo, o voo inteiro prendeu a respiração.

E, com a mesma velocidade que a tensão veio, ela se foi. A partir do momento em que as rodas do avião deixaram o solo, houve uma mudança na atmosfera: a moça simpática e falante voltou a conversar com a senhora ao seu lado; o homem com o pé enfaixado abriu os olhos e voltou a ler o que estava lendo, fazendo suas anotações; o garoto soltou os braços da cadeira; o casal soltou as mãos e deu um beijo. O voo inteiro soltou o ar de seus pulmões. E, enquanto todos voltavam às suas atividades, eu, observadora como sempre, me pus a escrever - na agenda mesmo - os meus pensamentos.

7.4.10

Crônica na biblioteca do Colégio

É uma tarefa meio árdua estudar na biblioteca do Colégio quando a gente, de fato, não tá nem um pouco a fim. Principalmente quando a matéria é algo como História da Física, que cotribui para confundir conceitos que foram dificilmente - na maioria dos casos - consolidados na nossa cabeça; adoro História, e até gosto de Física, mas História da Física consegue ser bastante confuso.

Na biblioteca acontecem muitas coisas ao mesmo tempo, que acabam confundindo a gente: uns até conseguem se concentrar, mas a grande maioria fala, seja para jogar conversa fora, para tirar dúvidas, ou o que for. Pessoas chegam, pessoas vão embora, amigos passam para dizer "oi", grupos de pessoas riem descontroladamente, namorados se beijam... E eu tento ler mais uma linha do meu texto sobre História da Física.

A garota ao lado comenta com sua vizinha:

- Nossa, mas você viu ontem a chuva no Rio?

Mais uma vez - e em vão -, dirijo a atenção para a leitura, mas o garoto do outro lado fala com seu amigo:

- Não, olha... Força é igual à massa vezes a aceleração, então...

Fazendo certo esforço para me concentrar, eu consigo, finalmente, me desligar do mundo externo e ler um parágrafo inteiro do texto. Por fim, olho para a minha frente... Pra quê? Só por isso, chegam várias pessoas, cada uma carregando um livro diferente: uma garota com um Biologia 2, do Armênio e Ernesto, outro com o Física 3 novo da Moderna - parte I, claro -, um pseudo-conhecido com uma Folha de São Paulo... Um menino com um livro de Sociologia? Esse aí não deve ser do terceiro ano, mas do segundo ou até do primeiro...

Volto, enfim, ao texto: "Aristóteles distingue quatro tipos de movimento:(...)"...

"-... A artéria transporta tanto sangue venoso quanto arterial..."
"- Você tem o caderno do Jorge aí?"
"- Você não sabe o que me aconteceu hoje!"
"- Mas a Tuca disse que..."

"(...) o substancial, que corresponde à(...)"

"- Isso tudo cai na prova?"
"- Mas a fórmula de Coulumb..."
"- Antes de estudar aqui, eu..."

"..."

Felizardos são os que conseguem se concentrar nestas condições! Francamente, isso é digno de uma crônica; quem dera se Luis Fernando Verissimo estivesse aqui comigo.

Mas agora, se me dão licença, preciso voltar - tentar voltar - aos meus estudos sobre História da Física. De novo.

Quem sabe por algum milagre eu não consigo me concentrar melhor?

19.2.10

Cultura?

Há mais ou menos dois anos, mencionei, neste mesmo blog, que não gostava de carnaval; bem, gostaria, então, de fazer uma correção no que disse. Eu gosto sim de carnaval, mas preciso deixar claro que só me agrada aquele em que se toca samba, marchinhas, em que todos se fantasiam e o clima é de alegria: o carnaval do Rio de Janeiro.

Digo isso porque fui, pela primeira vez na vida, ao Rio passar o carnaval; pela primeira vez, soube o que é carnaval de verdade, e, acreditem, superou absolutamente todas as minhas expectativas. Fui a alguns blocos de rua, e senti na pele o que é toda essa alegria. Me diverti demais.

No domingo, às 8:00 da manhã, eu e meu namorado fomos a um bloco no centro, chamado Boitatá. Todos me disseram "ah, esse bloco é lindo demais, vale o sacrifício de acordar cedo!"; eu não acreditei muito, mas fui. E, admito: o sacrifício mais que valeu.

Quando chegamos, um aglomerado de pessoas felizes fantasiadas, bateria e uma verdadeira orquestra de metais se reuniam no centro meio histórico do Rio de Janeiro para o bloco. De repente, a bateria começou a tocar, com o bloco ainda parado, e, em seguida, os metais. Reconheci na hora o que estavam tocando. Villa, "O Trenzinho Caipira", último movimento das Bachianas Brasileiras nº 2. Villa Lobos. As pessoas começaram a aplaudir e a cantar, entusiasmadas, a música do nosso querido compositor brasileiro.

Foi emocionante. Admito que fiquei arrepiada, e quase chorei. Por que foi emocionante? Bem, o simples fato de as pessoas tocarem, cantarem e se entusiasmarem com a música erudita de um grande compositor brasileiro como o Villa Lobos enquanto o resto do país se mata com aquelas festas que tocam aquela "música" ruim e completamente sem fundamento que é o (uhg!) axé é, no mínimo, tocante. Isso mostra a valorização de uma cultura muito, mas realmente muito rica, que é a que nós temos. Cultura esta que - ironicamente - não é nem lembrada no carnaval (me desculpem a expressão, mas é isso mesmo) baixo-nível das cidades históricas de Minas Gerais.

Se quiser me chamar para ir no seu carnaval, sinta-se à vontade. Mas, lembre-se: o meu nível é um pouquinho mais alto, rs.

13.1.10

Ao alho e óleo

Estávamos todos em um restaurante no Leme, no Rio de Janeiro, em uma tarde de terça feira, talvez em junho, não sei, de 2005. Um restaurante simples, de frutos do mar; super pequenininho, mas bem jeitoso, servindo peixe bem fresco. É, eu gostava muito de lá - até esse dia.

Acho que eu estava meio sonolenta, porque eu não estava prestando atenção no que meus pais e minhas irmãs estavam pedindo. Tudo o que eu ouvi foi:

- ... ao alho e óleo. - disse meu pai - E, pra beber... Bruna, o que você quer pra beber?

- Ahn? - disse eu, meio confusa - Ah, sei lá, pode ser uma Coca...

O garçom anotou o pedido e foi para a cozinha. Logo depois, voltou trazendo uma cesta de pães e uns mariscos. Pegando um marisco, eu virei para minha irmã e perguntei:

- Su, o que é que vocês pediram que é "ao alho e óleo"?

- Ué, Bruna, ao alho e óleo, uai!

Na verdade, o que eu queria saber era que comida eles tinham pedido... Mas, pelo visto, ela não entendeu a minha dúvida. Aliás, ninguém pareceu entender a minha dúvida.

- Não, Suzana - eu disse, pegando mais um marisco - o que eu quero saber é O QUÊ é "ao alho e óleo"...

- Bruna do céu! Alho é alho, e óleo é óleo! COMO você não sabe o que é "ao alho e óleo"? - disse a Suzana, horrorizada - Mamãe, a Bruna NÃO SABE o que é "ao alho e óleo"!

- Não, Suzana! O que eu não sei é O QUÊ é "ao alho e óleo"! - disse eu, frustrada por não estar sendo entendida.

- Que isso, Bruna! Ao alho e óleo, minha filha! - disse minha mãe.

- Gente, mas EU SEI o que é "ao alho e óleo", o que eu quero saber é O QUÊ é "ao alho e óleo"!

- BRUNA, OLHA PRA MIM - disse minha mãe, perdendo a paciência - você sabe o que é alho?

- Sei...

- Você sabe o que é óleo?

- Sei, mas...

- ENTÃO, junta alho com óleo, e você tem AO ALHO E ÓLEO! NÃO É POSSÍVEL!

- Meu D'us do céu... - disse a Suzana.

- Alho e óleo, Bruna, igual macarrão, sabe? - disse a Sarah, minha outra irmã.

- BRUNA, VOCÊ VAI APANHAR! - disse minha mãe, já com raiva.

- MEU D'US! - as lágrimas já pulavam para fora dos meus olhos - EU ENTENDI! MAS QUE PEIXE, QUE COMIDA, QUE COISA VOCÊS PEDIRAM QUE VEM "AO ALHO E ÓLEO"?!?!?!

- AH! - exclamou a Sarah - Ela quer saber é que peixe a gente pediu, mamãe, ela sabe o que é "ao alho e óleo"!

- É óbvio que eu sei o que é "ao alho e óleo"!

- Ah... - disseram a minha mãe e a Suzana juntas.

- Linguado que a gente pediu, Bruna - disse meu pai, pacientemente.

- Ah, tá... Brigada, era só isso que eu queria saber...

Depois disso, nós comemos, e, naquele mesmo dia, voltamos para BH de avião. Chegando em casa, eu passei mal - acho, aliás, que nunca passei tão mal na minha vida.

É, parece até que o mal estar foi consequência do mal-entendido... Mas, analisando friamente, acho que foi por causa do marisco mesmo.

11.12.09

Um juiz improvável

Em uma madrugada serena de novembro, Pierre Nougat, neto de franceses, cruzava, nervosamente, a Praça Sete, em Belo Horizonte, com um volumoso estojo de couro dependurado nas costas. O homem andava apressado, olhando para os lados, como se tivesse medo de ser roubado.

De fato, o que Pierre tinha nas costas era algo muito digno de ser roubado. Dentro do estojo de couro se encontrava um violoncelo caro, feito com madeira italiana, acabamento de primeira, assinatura de um Luthier bom de serviço. Devia valer seus dez mil reais, e, além disso, chamava muito a atenção: o violoncelo é um instrumento musical enorme. Notavelmente, carregar um objeto desses no centro de Belo Horizonte à noite não é algo que se deva fazer.

Chegou ao outro lado da praça, ofegante. Mais uma vez, olhou para os lados, ajeitou a alça de couro sobre seu ombro, e, apoiando-se no poste de luz, acendeu um cigarro com seu isqueiro. Quando estava guardando o pequeno objeto em seu bolso traseiro, viu um vulto andando nas sombras. Apavorado, Pierre largou o cigarro no chão e recuou, até penetrar na penumbra, onde a luz do poste dificilmente alcançava, e quase soltou um grito quando sentiu o instrumento caro esbarrar de leve em alguma coisa macia. Uma mão forte apertou sua boca, sentiu seu braço direito ser firmemente segurado, e uma voz grave disse-lhe ao ouvido:

- Não grite, ou as coisas serão exponencialmente piores para o seu lado. Apenas passe o violoncelo.

Com a mão livre, Pierre tentou aliviar o aperto do homem estranho em sua boca. Este soltou sua mandíbula, mas não soltou seu braço.

- Do que você está falando? – perguntou o descendente de franceses, arfando, tentando enganar o ladrão.

- Você sabe muito bem do que eu estou falando, me passe agora esse seu presentinho de dez mil contos ou eu te dou uma facada no pescoço, está me entendendo?

Pierre achou que fosse apenas uma piada para intimidá-lo, até perceber o brilho de uma lâmina muito bem afiada tangenciando seu pescoço. Apavorado, implorou:

- Por favor, amigo, não faça isso... O violoncelo não é meu. Se acontecer alguma coisa com ele, serei punido...

- Primeiro, cidadão: eu não sou seu amigo. Segundo: Acho que é melhor ser punido do que morrer com uma facada no pescoço, não?

Sem esperar resposta, o ladrão puxou o estojo do violoncelo pela alça, e enfiou o punhal que estava segurando no pescoço de sua vítima. O sangue começou a jorrar, Pierre caiu de joelhos e, um milésimo de segundo antes de desabar no chão sem vida, puxou a faca de seu pescoço e, com o máximo de força que pôde a enfiou na perna do assassino.

Pierre acordou depois do que lhe pareceram cinco minutos em uma sala, toda feita de pedras. Olhou para sua camisa ensanguentada, e logo se deparou com um profundo furo em seu pescoço que, no entanto, não doía nem um pouco. Ele estava, sem dúvida, morto. Olhou para o seu lado, e se deparou com outro homem, deitado, com um corte enorme na perna, como se esta tivesse sido rasgada: seu assassino, que havia tentado roubar seu violoncelo. O assassino, então, abriu os olhos e se sentou, sem dificuldades, olhando para os lados e tentando compreender.

- O que está havendo? – perguntou o assassino – Quem sou eu? Quem é você? Onde estamos?

- Quem é você? Você está brincando comigo, certo? Você acabou de me matar!

- Eu? Eu te matei? Meu Deus! – disse o homem, assustado – Não é possível, eu nunca faria isso a alguém! Aliás, quem exatamente sou eu? Céus, eu não me lembro de nada!

- Você é nada além do meu assassino! Você me matou com uma facada no pescoço, olha aqui – disse, mostrando o corte no próprio pescoço – E você ainda tem coragem de dizer que não se lembra de nada. Agora, estamos eu e você provavelmente na fila pra entrar no Inferno!

- Como assim? Eu também estou morto? – perguntou, e, logo em seguida, viu o corte imenso em sua perna – Eu estou morto. E foi você quem me matou. Seu idiota, por que você fez isso?

- Eu que lhe pergunto! – gritou Pierre, indignado – Você me aparece na Praça Sete às duas da manhã, rouba meu violoncelo caríssimo, que, aliás, nem era meu, e ainda me mata cortando meu pescoço. Eu simplesmente tentei me defender e enfiei a faca em você.

- Primeiro, cidadão: eu nunca roubei e nem roubarei nada de ninguém. Depois que eu nunca matei e nunca terei coragem de matar uma pessoa. E terceiro: você simplesmente enfiou a faca em mim por legítima defesa?

- É isso mesmo! E você, seu covarde, tentando se safar de ir para o Inferno inventando essa historinha que você não se lembra, que você é muito inocente, que você nunca faria uma coisa dessas. Nunca faria mas fez, seu imbecil.

Com um salto, o assassino se levantou, e Pierre o acompanhou.

- Não me chame de imbecil! – gritou o assassino.

- Então não negue que você tem culpa em tem feito o que fez!

- Eu não fiz nada disso!

O descendente de franceses não respondeu. Apenas cerrou os punhos e, com uma velocidade incrível, acertou o rosto de seu rival. Nesse momento, surgiu uma labareda de fogo a um metro dos homens, e dela saiu um ser alto, com a face rija, o olhar satânico, as pupilas em fendas e um par de chifres da cabeça. Era, sem dúvida, o Diabo.

- Escutem os dois! – disse o ser, e os homens imediatamente se separaram, sobressaltados – Eu sou o Diabo, e eu já fiz coisas muito, realmente muito ruins. Mas uma coisa que eu não admito, absolutamente, é o fato de dois mortais inocentes se agredindo em na porta dos meus aposentos.

- Inocentes? – perguntou Pierre, indignado - Senhor Diabo, esse homem me roubou e me matou, como ele pode ser inocente?

- Este homem, senhor Pierre, estava sob efeito de uma erva alucinógena que o obrigaram a tomar. A culpa não é dele, acredite. A culpa é de quem deu o alucinógeno a ele, que, aliás, já está sendo punido, e muito punido... – disse, parecendo se deliciar com o fato – Senhores, se continuarem a brigar aqui, terei de tomar medidas drásticas: mandar ambos para o Inferno.

Os homens arregalaram os olhos, assustados, e o assassino de Pierre - que se chamava Agripa Bernardes, embora não se lembrasse disso - gritou:

- Eu não vou para Inferno nenhum! Quem começou foi ele! – disse, apontando para Pierre, como uma criança mal educada – Eu não tenho culpa de nada, foi ele quem começou a me agredir!

- Comecei a te agredir porque você falou coisas absurdas! Quem não vai pra Inferno nenhum aqui sou eu! Eu não roubei ninguém, e eu não matei para roubar, matei para me defender!

- SENHORES! – berrou o Diabo, com a voz demoníaca cheia de ira – Queiram, por obséquio, se acalmar! Eu já lhes disse que nenhum dos dois tem culpa, e que não precisam brigar. Só vão para o Inferno aqueles que fazem coisas realmente muito ruins por vontade própria e gratuitamente, o que não é o caso de nenhum de vocês, a menos que insistam em brigar em minha presença, o que eu considero extrema falta de respeito. Caso não se lembrem, eu sou o Diabo, e eu tenho autoridade.

Os homens trocaram olhares cheios de receio, mas, passados alguns minutos, Pierre deu um passo à frente e estendeu sua mão. Como Agripa hesitasse em apertá-la, disse:

- Amigo, o senhor Diabo tem razão. Não posso duvidar dele, eu acredito que você não tem culpa. Por favor, me desculpe, eu agi errado em duvidar de você.

Houve um momento de silêncio. Agripa, então, finalmente deu um passo à frente e, apertando a mão de Nougat, disse:

- Obrigado por acreditar em mim, cidadão. Me desculpe também pela minha grosseria, e, bem, por ter te causado isso... – disse, sem graça, indicando o pescoço de Pierre – Mas não foi minha culpa, você sabe.

Pierre Nougat e Agripa Bernardes não foram nem para o Inferno e nem para o Céu. Ambos foram para o Purgatório, passar a eternidade, e se tornaram grandes amigos. Uma amizade estranha, provinda de um conflito resolvido pelo Diabo em pessoa.

________________________________________
Nota:
Esse foi o conto com que eu concorri para o concurso de contos da V Semana da Conciliação, no TRT, do qual participaram alunos da 2ª série do Ensino Médio do meu colégio, o Colégio Santo Antônio, e do Coltec, Colégio Técnico da UFMG. Espero que tenham gostado!

20.11.09

Ponto de máximo

Acabei de fazer uma descoberta. Tem um ponto de máximo exatamente onde eu sento para estudar, na minha mesa de estudos, no meu quarto, e é por isso que a porcaria do vizinho incomoda tanto. Na verdade, em qualquer ponto você vai encontrar um ponto de máximo vindo de algum lugar, de alguma casa, seja ela silenciosa ou não. E, exatamente onde eu sento, tem o que vem do quarto desse infeliz. Realmente, esse cara berra, e, se não me engano de que apartamento ele mora, são todos os moradores completamente sem educação, seja a mãe, filhos pequenos, ou filho mais velho (supondo-se que esse sujeito seja o filho mais velho). Acho que vou começar a jogar objetos pesados na janela dele para ele mudar de quarto. Ou, quem sabe, jogar objetos pesados em todas as janelas; pode ser que, assim, eles mudem daqui. Ou então, tacar um tijolo na cabeça dele mesmo, acho que é até mais simples (eu até pensei em usar o meu violino - ao invés do tijolo -, mas, sinceramente, acho o tijolo mais adequado. Ele não merece tal honra; lembrando que cabe a mim a eventual destruição do violino, e a vítima deve se sentir completamente honrada e prestigiada.)

Bem, fechei minha janela de modo a bloquear parcialmente as ondas sonoras emitidas por esse cara, seus amigos e sua caixa de som - sempre palavrões, música alta e ruim repetidas vezes, risaiadas insuportáveis, gritaria, escândalos, cantorias desafinadas acompanhando a musica alta e ruim repetidas vezes - me deixando concentrar um pouco melhor; aliás, me deixando fazer qualquer coisa um pouco melhor.

É, acho que o pobre coitado nem estudar não estuda, pra ficar escutando aquele barulho que chama de música todos os dias até onze e meia da noite.

Dá até vontade de gritar pela janela: "a educação ficou em casa?"; ah é, mas eu esqueci. Ele está em casa.

24.10.09

Continuidade

Não, eu não morri. Estou aqui, vivinha da silva, ouvindo muito Moby (é claro), Kiss, Pink Floyd, U2, Infected Mushroom, com FatBoy Slim o dia inteiro na cabeça, viciada cada dia numa música diferente. O que tenho feito ultimamente? Estudado, lido a obra de nosso autor pseudo-realista altamente irônico Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, rido das bobeiras do dia-a-dia, irritado-me eventualmente com pessoas fúteis, comendo pão de queijo quentinho do Pão de Queijo (leia-se Sabor Sutil) no recreio, às vezes acompanhado de Matte Leão, às vezes sem nada para acompanhar, às vezes nem comendo o pão de queijo, trocando-o por uma barrinha. Hoje eu tomei Toddynho. Tinha, no mínimo, uns seis anos que eu não tomava Toddynho. Foi uma experiência interessante. Bem, mas, nos últimos dias, também escrevi um conto para o concurso de contos do TRT. Em breve, irei postá-lo aqui no Xadrez & Laços. Além disso, eu tô com a estranha mania de fazer sanduiches mirabolantes, mania esta que surgiu em um daqueles dias que não tem nada pra comer além de frango do almoço, um resto mortal de queijo cottage, mostarda de dijon e uns temperos estranhos.

Bem, sim. Então. Estava reparando, outro dia, em um aspecto interessante de alguns álbuns de alguns artistas: eles possuem uma continuidade em suas músicas. Isto é, as músicas têm uma ordem certa: a música, individualmente, não tem a mensagem completa que o artista quer passar; é necessário ouvir o álbum completo, na ordem certa, e fazer, então uma análise do conjunto. Alguns bons exemplos disso são: 'The Wall' (Pink Floyd), que, pra quem não sabe, conta a história de Pink, garoto que cresce sendo oprimido pela sociedade, é trilha sonora do filme 'The Wall'; 'Life in Cartoon Motion' (Mika), que, ao fim de cada música, conta o pedaço de uma história, de modo que, se você ouvir o álbum inteiro na ordem certa, você irá ouvir a história inteira; 'Last Night' (Moby), que, como já escrevi aqui no blog, é uma tentativa de resumir uma noite inteira em uma hora de música; até mesmo o 'Wait for Me' (Moby) tem uma certa ordem, cujo sentido eu não desobri direito até hoje.

É, eis o problema de ouvir o iPod no shuffle.

25.8.09

Insônia

Pois bem. Eu deveria estar dormindo. Amanhã é dia das três Biologias atacarem novamente (provas trimestrais, sabem como é), e meu dia vai começar, em tese, às 6:00 da manhã. É claro que na prática vai começar às 6:40 com meu pai batendo freneticamente na minha porta e eu levantando desesperada pra conseguir ir ao banheiro, me vestir, tomar café, escovar os dentes, e, sobretudo, acordar antes das 7, mas isso a gente desconsidera.

Bem, se eu conseguisse dormir, eu o faria de muito bom grado. O que acontece é que eu não consigo, porque todos da minha família resolveram conversar aos berros agora, quase meia noite, e eu tive a brilhante ideia de tomar coca cola de noite, quando fui no novo Camelô dos Pães, digo, na nova Grife dos Pães, a padaria Vianney ultra high-tech-metida-à-besta que abriu. Tô sentindo que eu coloquei wassabi no nariz de tão acordada que eu tô.

Então eu aproveitarei esse angustiante momento de insônia para fazer alguns esclarecimentos acerca do meu querido blog semi-abandonado.

1. Não, o meu blog não está abandonado, tanto que eu estou escrevendo nele neste exato momento. Eu só não encontro inspiração para fazê-lo todos os dias;

2. Sim, eu mudei o layout e o nome do blog *O* De tempos em tempos a gente tem que fazer algumas mudanças, e eu achei essas mudaças bastante plausíveis. O novo nome do blog, Xadrez & Laços, foi baseado em nada mais nada menos do que em uma blusa que eu tenho - sim, uma blusa - da Karola, que é xadreza e tem um laço;

3. Só pra deixar claro, o antigo nome do blog, Where you End?, é nome de uma música do Moby.

4. Não, eu não tenho nenhum tipo de tara por Física. Estava justamente reparando agora na minha lista de blogs, e eu tenho dois - D-O-I-S - blogs sobre Física. Mas, só pra esclarecer, um é o blog do meu pai, o Física Fácil, e o outro é do departamento de Física do Colégio, que o professor usa pra colocar matéria e coisas pra gente baixar, o Física Para Todos.

Bem, é basicamente isso. Vou tentar dormir; amanhã o dia é hard.

Beijos a cada um de vocês (ou não) e boa noite.

16.7.09

Teoria mais que maluca

Ontem fui ver Harry Potter e o Enigma do Príncipe com um bando de amigos e gente pseudo-conhecida e desconhecida. Foi uma maravilha, o cinema inteiro gritou quando começou o trailer, depois quando apagou a luz, e quando passou o trailer de Lua Nova (¬¬'), no trailer de Os Normais 2 (que, btw, eu PRECISO ver *O*), quando começou o filme e em qualquer cena picante/ousada/assustadora. Além disso, como se já não bastasse, ontem JUSTAMENTE NA HORA DA SESSÃO estava tendo a final da Libertadores, Estudiantes x Cruzeiro. Então, as pessoas pottermaníacas e (como se já não bastasse) ao mesmo tempo doentes por futebol estavam, durante a sessão de cinema, acompanhando o jogo por seus devidos celulares. Isso implica que quando era gol, algum espírito de porco simplesmente BERRAVA ‘GOOOOOOOOOOOOOOOL’, e isso era suficiente para o cinema inteiro começar a berrar e torcer para seus respectivos times. Metade do cinema gritando ‘GALO’, a outra metade gritando ‘ZERO’ e eu lá, no meio, tentando inocentemente ver o filme. Só para deixar claro: NÃO, EU NÃO TORÇO PARA TIME NENHUM, a não ser pra Seleção Brasileira na copa. Tá certo, o Cruzeiro é mais simpático que o Atlético, mas eu não torço.

Bem, o filme continuou, até que apareceu uma breve cena do Voldemort jovem, seguida de uma outra do Voldemort mais velho. E foi aí que eu comecei a viajar. E, meu amores, quando eu viajo, pode saber que eu vou longe.

Eis a minha viagem: Seria Voldemort fruto de uma inspiração inconsciente em Michael Jackson? Sim, eu sei que parece ridículo, mas vejam bem: ambos eram crianças extremamente talentosas, mas que, apesar disso, pareciam ser normais. Depois, quando cresceram, chegaram num ponto que começaram a virar freaks; ambos ficaram muito estranhos e sem nariz. Além disso, ambos buscam, através de seus respectivos talentos e de sua fama, a imortalidade. A diferença é que Jackson dança e Voldemort mata - e, é claro, que Jackson milagrosamente era negro e ficou branco, enquanto Voldemort nunca mudou a cor de sua pele.

Doideira? Talvez. Eu não sou mesmo a pessoa mais normal do mundo.

Mas me parece uma boa teoria.


28.2.09

Atitude Filosófica

Rotininha cinzenta. Todos os dias a mesma coisa, a mesma rotina: acordar cedo, ir à aula, ver sempre as mesmas caras, ouvir as mesmas vozes dos mesmos professores, voltar para a mesma casa, comer o mesmo almoço, fazer os mesmos deveres, frequentar (maldita mudança ortográfica) às mesmas aulas de tarde, entrar na mesmíssima internet de todas as noites... E tudo acontecendo sempre igual, sempre o mesmo, sempre aquela rotina.

E foi sendo assim, dia após dia... Até que eu ouvi um texto que mudou completamente minha visão. Esse texto, que é de autoria de Charles Chaplin, foi lido em minha presença, e me prendeu a atenção. Enquanto o ouvia e depois de ouví-lo, refleti profundamente sobre a vida, e cheguei à uma conclusão. Uma nova conclusão.

E eis minha conclusão: Tudo depende do seu ponto de vista. E isso porque tudo tem dois lados. Um lado melhor, e outro pior. Se você quiser enxergar o lado pior, será pior. E, se quiser enxergar o melhor, assim será.

Então, de repente, todo aquele mundo cinza e igual aos meus olhos de antes se revelou um mundo colorido e cheio de coisas maravilhosas aos meus novos olhos. De repente, vi que toda essa mesmice é, na verdade, a cada dia inovadora. Vi que todas essas mesmas caras de todos os dias são os meus amigos, e que essa mesma aula é uma fonte praticamente infinda de novo aprendizado, que aquele mesmo colégio, um colégio onde eu me sinto bem, oferece. Aprendizado esse que aqueles mesmos professores transmitem para nós com uma (na maioria das vezes) enorme boa vontade.

Nada é tão ruim quanto possa parecer, não mesmo.

"Tudo depende de mim!
Levanto de manhã pensando no que devo fazer antes do relógio marque meia-noite. É minha função que tipo de dia eu vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo...
Ou agradecer às águas por lavarem a poluição e por renovar o ciclo das flores, das frutas.

Posso ficar triste por não ter dinheiro...
Ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.

Posso reclamar sobre minha saúde...
Ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria...
Ou posso ser grato por ter nascido.

Posso reclamar por ter que ir trabalhar...
Ou agradecer por ter trabalho.

Posso sentir tédio com as tarefas de casa...
Ou agradecer a D'us por ter teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos...
Ou me entusiasmar com a possibilidade de novas amizades.

Se as coisas não saírem como planejei, posso ficar feliz por ter o hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
TUDO DEPENDE SÓ DE MIM"

Charles Chaplin

24.7.08

Músicas ao vivo

Eu achei no YouTube ontem uma música que eu já comentei aqui, Everloving, do Moby, tocada ao vivo.






Eu simplesmente adooooro essa música, e, quando eu gosto de uma música, eu ouço ela até o disco furar. No caso, eu assisti o vídeo umas vinte mil vezes (além das vezes que eu já tinha assistido, uma vez que eu tenho esse DVD) até a tela do computador queimar (mas, é claro, isso é um modo de dizer). Bem, eu vi e revi tantas vezes que um fato me chamou a atenção: a música é tocada inteiramente ao vivo. Bem, aí eu peguei meus DVDs do Moby (Play, 18 e Hotel) e comecei a assistir e, realmente, as músicas são reproduzidas AO VIVO nos shows. E o mais legal disso tudo é que têm músicas bem eletrônicas que poderiam muito bem ser apenas uma gravaçãozinha remixada e, não, são tocadas inteiramente ao vivo.

Não são muitos os artistas que tocam ao vivo suas músicas nos shows. Os DJs fazem seu trabalho de DJing (o Moby inclusive, atualmente, mas também é porque tem a ver com o novo álbum dele), outros põe uma gravação e cantam, como se fosse um karaokê, outros põe a música gravada e simulam que estão tocando (que coisa ridícula!). Eu acho bem legal esses artistas que valorizam a música com instrumentos musicais. Digo, música sendo tocada de verdade. Dou destaque pro Moby que consegue fazer isso com música eletrônica, mesmo que não esteja fazendo tanto isso nesse ano.

Aí embaixo, Feeling so Real, do Moby, ao vivo no festival de Glastonbury em junho de 2003.



Algumas pessoas se esqueceram, mas ao vivo é mais legal.