31.1.08

Bem crítico!

Outro dia eu estava vendo (mais uma vez) o DVD da Ana Carolina com o Seu Jorge, e (mais uma vez) a música 'Notícias Populares' me chamou a atenção. A música é muito boa e a letra é bem crítica... Mostra de um jeito harmônico e musical um pouco da realidade em que vivemos, também com o ponto de vista dela.

O que aconteceu pra Ana Carolina escrever essa música com uma letra tão real e reflexiva foi que ela levou um tiro no vidro do carro dela. No mesmo dia, ela chegou em casa ainda um pouco assustada com o que tinha acontecido e escreveu a música inteira. O que eu estava pensando é: será que precisamos de um 'empurrão' tão grande pra nos expressar? Digo, a Ana Carolina escreveu a música depois de ter levado um tiro no vidro do carro, e ela colocou na letra da música o que ela estava sentindo... Mas, as vezes ela estava sentindo aquilo já fazia tempo, e só foi se expressar quando chegou no ponto mais crítico da situação. Foi a gota d'água.

Assim, não sei se dá pra me entender, mas as vezes eu tenho a impressão que as pessoas não conseguem se expressar direito e precisam de algum acontecimento absurdo que as levem a fazer alguma coisa...

De qualquer jeito, a música é muito boa então tá aí ela ao vivo pra vocês conferirem:




Notícias Populares

Tudo se acaba
Olho o noticiário
Água se acaba
Se acaba a prece do vigário
Eu quero ser a mendiga suja e descabelada
dormindo na vertical
Entender
Como a vida de alguém se acaba antes do final
Prefiro o Lou Reed no Velvet Underground
Gosto de Sylvia Plath, TS Elliot,
Emily Dickinson, Lucinda, Délia, Manoel de Barros
Ficam eternos por mim
Esqueço a crise da Argentina
Quebrando o pau com a menina no sinal
Em castelhano, ê
Eu furo os planos, ê
Eu furo o dedo, mando ver
Examinando, lanho o braço
Aperto o passo. Não sou louca!
É...Tomei um tiro
No vidro do meu carro
É a pobreza
Tirando o seu sarro
Foi meu dinheiro
Foi meu livro caro
Que façam bom proveito
Da grana que roubaram
Porque eu trabalho
E outro dinheiro eu vou ganhar
Tomei um táxi
O motorista, mexicano,
Veio falando sobre o onze de setembro.
Havia um homem na calçada lendo o Código Da Vinci
Ou lia o código da venda?
E na parada havia um peruano
Cheio de badulaques, ô
Vendendo Nike, ô
Vendendo bike, Coca Light, canivete
Aceita cheque pros breguetes.
Notícias do Iraque na TV da lanchonete.
Notícias populares
Voam pelos ares
E amanhã, meu nêgo, ninguém sabe
Se alguém recua ou se alguém invade
Se alguém tem nome ou se alguém tem fome.
Que façam bom proveito
Do pouco que restar
Se tanta gente vive
Só com o que dá pra aproveitar.
Tudo se acaba.
Olha o noticiário!

4 comentários:

Anônimo disse...

Adoooro, Bru!

Anônimo disse...

Realmente, algumas pessoas não conseguem se expressar, a não ser que algo realmente absurdo aconteça. Às vezes eu sou assim. .___.

Ah, valeu por passar no meu blog. Te linkei, ok?

:*

Anônimo disse...

Eu fiz uma música de pronto também, depois de um término com uma menina. Acho que tem horas que certas coisas servem de catalisador, e o sentimento vira uma espinha, um furúnculo que vc quer por pra fora. Feio dee imaginar, mas é assim que eu vejo. Por outro lado tem música que pode levar 10 anos pra ficar pronta, outro dia trombei com o Chico Amaral - que compõe com o Samuel Rosa e tocava com minha mãe - e ele tava feliz por isso, pq tinha terminado uma música que começou 10 anos atrás...logo ele...enfim, compor num tem regra.

Unknown disse...

O melhor seria se não precisássemos de empurrão algum. Algumas pessoas já são inspiradas por natureza, ou contestadoras por natureza, e não precisam. Mas, na prática, acaba que acontecimentos trágicos como esse podem pôr pra fora sentimentos...beijos, Bru. Parabéns!